O que é DEPENDER de um estimulante?

O circuito de recompensa cerebral tem um papel importante na formação de hábitos adaptativos para a nossa sobrevivência e reprodução. Comida, sexo e interação social estão nessa lista.

Entretanto, a humanidade sempre conviveu com elementos capazes de sequestrar quimicamente esse sistema e “enganá-lo”. Afinal, o nosso centro da recompensa, não é capaz de distinguir se a onda de Dopamina recebida vem em resposta a um comportamento favorável ou se é resultado de alterações artificialmente induzidas por um fator externo.

Como sabemos, nosso cérebro tem a habilidade de se transformar a partir de nossas vivências, imprimindo a experiência em circuitos neurais. Sinais de recompensa repetidos e intensos relacionados a uma substância, não só formam um hábito condicionado, como também modificam esses circuitos de forma duradoura.

Um condicionamento de recompensa cada vez mais forte, junto a uma inibição compensatória cada vez mais fraca, são a receita para o uso impulsivo – ou seja, sem pesar bem as consequências. 

Além disso, cérebro e corpo se modificam para compensar o desequilíbrio imposto pela presença constante de substâncias externas. Esse “novo normal” fica incompleto se ela não está presente. A sua ausência gera sensações físicas e subjetivas desprazerosas, que podem ser prontamente aliviadas com um novo uso. E assim se fecha o ciclo da dependência.

Podemos concluir então dizendo que a dependência nasce das modificações corporais que foram induzidas para tolerar a substância, e é nessas modificações que o tratamento medicamentoso dessa obsessão é focado.

Texto por: Priscilla Falcão – Psiquiatra

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