Toda ansiedade é ruim?
Publicado por Priscilla Falcão em
Toda ansiedade é ruim?
A ansiedade faz parte da experiência humana comum. Podemos pensar nela como um alarme que toca quando há algo em risco. Ela está ligada às situações de insegurança e incerteza. Esse alarme não existe por acaso, ele é feito para captar nossa atenção em momentos críticos para a preservação da nossa integridade e segurança. Níveis adequados de ansiedade são adaptativos, protetores e melhoram nossa performance.
E quando a ansiedade se torna ruim? Quando ela é desproporcional e desadaptativa, ou seja: quando mais atrapalha do que ajuda. Um nível de preocupação proporcional à tarefa faz com que você se dedique mais a ela e um nível proporcional de medo faz com que você se proteja quando é preciso. Já a preocupação e o medo desproporcionais te paralisam e diminuem o seu potencial de lidar com o fator estressor.
Para ilustrar, vamos usar um estudo antigo, de 1908, em que os psicólogos Yerkes e Dodson demonstraram a influência da intensidade de um fator estressor na curva de aprendizado de ratos. Eles usaram choques elétricos em níveis crescentes para ensinar ratos a escolher determinados locais dentro de uma caixa (eu também morro de dó). Concluíram que, até um certo nível, o estresse causado pelos choques melhorava a performance dos animais, mas a partir desse ponto, o estresse era tão grande que tornava o desempenho cada vez pior.
Esse estresse ao qual os animais foram submetidos pode ser comparado ao estresse induzido pelos nossos mecanismos ansiosos. É possível encarar níveis proporcionais de ansiedade com positividade e usá-los a nosso favor. É ela quem direciona nossos melhores recursos internos para performar bem em uma situação importante. Mas quando chega a níveis desproporcionais, cansa, paralisa, nos deixa exauridos mental e fisicamente.
Para terminar, gostaria de indicar um vídeo disponível no Youtube: “Kelly McGonigal: How to make stress your friend” – tradução: Como fazer do estresse um amigo (dá para colocar legendas em português). Uma palestra do TED que nos ajuda a mudar nossos conceitos sobre o estresse: a forma como o encaramos pode transformar nossa experiência!
Texto escrito por: Dra. Priscilla Falcão – Psiquiatra
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