Mania e hipomania em: “Natasha – Capital Inicial”

Publicado por Priscilla Falcão em

Mania e hipomania em: "Natasha - Capital Inicial"

Relato de caso: Ana Paula, 17 anos. Apresenta mudança repentina do padrão de comportamento com maior impulsividade e engajamento em atividades com consequências adversas: fuga de casa, aumento do consumo de drogas, hipersexualização, infrações da lei. Usa o pseudônimo de “Natasha” e adota um visual mais extravagante, com cabelos verdes, tatuagens e salto alto. Apresenta humor eufórico, desinibição, aumento da energia e redução da necessidade de sono. Segue relato:

Ana Paula possivelmente está em um episódio de mania ou hipomania, estados de humor presentes no Transtorno Bipolar dos tipos 1 e 2, respectivamente. Ambos envolvem um período distinto de humor elevado, que se expressa com uma euforia e/ou irritabilidade intensos e comportamento impulsivo. O episódio está associado a mudanças claras e no funcionamento do indivíduo em relação a quando está assintomático, que podem ser percebidas por outras pessoas.

São sintomas possíveis: autoestima inflada ou grandiosidade; redução da necessidade de sono (poucas horas já são revigorantes); falar mais que o habitual ou sensação de pressão para continuar falando; fuga de ideias antes que possam ser elaboradas ou experiência subjetiva de que os pensamentos estão muito acelerados; distraibilidade, com mudanças abruptas do foco de atenção; aumento da atividade dirigida a objetivos (como: compras, sexo, atividade física) ou agitação psicomotora (desorganizada, sem objetivo); envolvimento excessivo em atividades com elevado potencial para consequências danosas devido a prejuízos na capacidade de avaliar riscos.

Pelo menos 5% da população geral já apresentou mania ou hipomania. Nos casos de T. Bipolar 1 e 2, esses episódios de humor elevado são alternados com episódios de humor rebaixado que preencham critérios para depressão. O diagnóstico correto é importante para que não sejam prescritos antidepressivos de forma errônea, visto que as melhores evidências disponíveis apontam para o uso de estabilizadores de humor.

Vale dizer que a eutimia não é uma linha reta, todos temos fases variáveis de maior animação ou maior recolhimento. Entretanto, não é esperado que elas sejam acompanhadas de mudanças e disfuncionalidade tão intensas, a ponto de trazer prejuízos. Assim como oscilações emocionais cotidianas, como ter picos de alegria, raiva e tristeza em um mesmo dia, não configuram um T. Bipolar (embora possam estar presentes em outros diagnósticos). Diga-se de passagem, os T. Bipolar 1 e 2 são apenas dois pontos do espectro de humores possíveis, mas isso é assunto pra outra conversa.

E aí, o que achou do caso da Ana Paula/Natasha? Me conte nos comentários!

Texto escrito por: Dra. Priscilla Falcão – Psiquiatra


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