TDAH e atividade física

Publicado por Priscilla Falcão em

O tratamento não-farmacológico do TDAH inclui intervenções capazes de melhorar os sintomas de disfunção executiva. Elas devem ser adotadas para pacientes que tomam ou que não tomam medicações para o TDAH. Para quem tem a indicação de usar medicações, o resultado do tratamento é ainda melhor com a associação dessas práticas. Já para casos leves a moderados, em que a medicação nem sempre é necessária, elas podem inclusive ser suficientes como tratamento. 

Um grupo de pesquisadores revisou as evidências científicas disponíveis a respeito do tratamento não-farmacológico do TDAH. A partir do conhecimento disponível, fica claro o quanto a atividade física é essencial para a melhora de sintomas. Atividades aeróbicas de alta intensidade, especialmente aquelas que geram mais envolvimento cognitivo (como esportes coletivos e artes marciais) são as que trazem mais benefício.

Destaco os seguintes trechos: 

  • Embora as funções executivas e o córtex pré-frontal sejam altamente suscetíveis ao estresse fisiológico, psicológico ou social, essas regiões também são mais suscetíveis a mudanças. Essa suscetibilidade à mudança torna as funções executivas superiores passíveis de treinamento.
  • Das intervenções cognitivas e comportamentais estudadas, o exercício físico, independentemente do tipo, foi considerado o mais eficaz para direcionar e reduzir os sintomas do TDAH.
  • Foi demonstrado que sessões de exercício aeróbico intenso melhoram as funções executivas devido a modificações de neurotransmissores relacionadas a tarefas executivas centrais.
  • Na população com TDAH o exercício físico pode ser especialmente benéfico para melhorar as funções executivas. Melhorias neste funcionamento cognitivo podem diminuir os prejuízos relacionados ao TDAH, como flexibilidade atencional e estratégica, controle inibitório, planejamento e memória de trabalho.
  • O exercício físico, especialmente os exercícios aeróbicos que incluem as funções executivas (como flexibilidade atencional, planejamento, controle inibitório), parecem ser os mais eficazes. 
  • Com base nessas descobertas, pode ser proveitoso integrar esportes complexos, como esportes com bola, artes marciais e exercícios físicos que envolvem flexibilidade e inibição de comportamentos impulsivos no regime de tratamento do TDAH.

Além da atividade física, que demonstrou a maior eficácia, também são possíveis intervenções não-farmacológicas: Terapia cognitivo comportamental, neurofeedback e treinamento cognitivo.

Artigo completo em: Lambez, Bar; Harwood, Anna; Golumbic, Elana Zion; Rassovsky, Yuri (2019). Non-pharmacological interventions for cognitive difficulties in ADHD: A systematic review and meta-analysis. Journal of Psychiatric Research, (), S0022395619306168–. doi:10.1016/j.jpsychires.2019.10.007

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Priscilla Falcão – Psiquiatra – CRMMG 65203 / RQE 47219

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