Emoções e Sentimentos
Publicado por Priscilla Falcão em
Emoções e Sentimentos
A palavra “emoção” é usada na linguagem cotidiana para expressar vários tipos de sensações subjetivas fortes como paixão, tristeza, raiva, medo e ódio, mas elas são muito mais do que isso. Os sistemas relacionados à emoção, assim como os sistemas motores ou sensoriais, têm seu próprio substrato biológico, suas próprias regiões cerebrais e redes neurais.
As emoções são fundamentais para uma ampla gama de comportamentos como: interação social, avaliações de risco inconscientes, reações de estresse, empatia, sistema de recompensas e sistema do medo, apenas para citar alguns exemplos relevantes para a psiquiatria. Através de suas influências sob o nosso cérebro e organismo, as emoções têm função adaptativa, moldam nosso aprendizado e calibram o nosso comportamento.
A maioria das emoções compartilha algumas características principais:
1. Elas geralmente são iniciadas em resposta a estímulos internos ou externos, como estímulos visuais, cheiros, sinais do corpo ou memórias.
2. Elas têm uma expressão comunicativa que pode se manifestar em mímicas faciais, linguagem corporal ou alterações na fala.
3. Elas afetam as funções autônomas do corpo. Por exemplo, podem levar à alteração da frequência cardíaca e do padrão respiratório.
4. Eles também aumentam a tendência a agir. Por exemplo, podem levá-lo a se aproximar de alguém, recuar ou mostrar agressividade.
5. Finalmente, uma característica importante da emoção é a produção de uma experiência subjetiva que reconhecemos como sentimento.
Quando a emoção desaparece, pode deixar uma memória que afeta seu comportamento futuro. O sistema nervoso central é um dos poucos órgãos do corpo capazes de se lembrar.
Uma memória emocional pode ser, por exemplo, quando você começa a associar a aparência de um determinado rosto a um sentimento positivo, se essa pessoa foi legal com você, ou quando você começa a evitar um tipo de lugar, por já ter vivido uma emoção negativa em um local parecido. As memórias guardadas com valência emocional te ajudarão a tomar decisões no futuro, quando as situações vivênciadas serão comparadas com as suas experiências prévias.
Recebemos estímulos internos e externos a todo tempo, mas muitos deles são neutros. Como o cérebro sabe quais sinais devem resultar em uma emoção? Em geral, os sinais precisam ser processados em centros cerebrais superiores que avaliam se o sistema emocional deve ser acionado ou não. Alguns fatores parecem ser mais importantes que outros neste processo. Por exemplo, experiências inesperadas ou novas tendem a desencadear emoções com mais frequência do que situações bem conhecidas. Estímulos interessantes em relação a um objetivos já definido também tendem a causar emoções com mais frequência. Poderíamos tentar generalizar como: é preciso haver uma informação relevante para o indivíduo, pelo menos potencialmente, para que uma emoção seja produzida.
Não existe uma região cerebral que possa avaliar todos os estímulos do ambiente sozinha, neste processo é necessária a colaboração de várias regiões cerebrais diferentes. Por exemplo: o córtex temporal ajuda a decodificar se o conteúdo das informações auditivas e visuais são de seu interesse; o hipocampo compara as novas informações com as suas memórias autobiográficas prévias e julga se são relevantes ou não; e a amígdala as compara com as memórias emocionais anteriores. Finalmente, o córtex pré-frontal, um dos centros superiores do cérebro, alcançado apenas pelas informações que já foram processadas, é crítico para julgar se essa nova informação é interessante para os seus objetivos e ações em andamento e se, portanto, deve gerar uma emoção e mudança de comportamento.
Quando centros cerebrais superiores decidem que a percepção recebida deve gerar uma emoção, o próximo passo é expressá-la. Isso é: mudar a expressão facial, preparar-se para agir, alterar funções nervosas autônomas e também dar origem a um sentimento subjetivo. Mudanças no comportamento são comunicadas a partir dos centros emocionais aos sistemas motores. O sistema nervoso autônomo dispara padrões de resposta coerentes com a emoção, como quando o coração dispara diante do medo, em uma reação de luta ou fuga. Interações entre sintemas neurais e sistemas endócrinos afetam diversos hormônios, como os hormônios do estresse, e, consequentemente, afetam o estado de muitos órgãos internos do corpo.
Através das expressões faciais e mudanças de comportamento comunicamos nossas emoções ao mundo, e através das mudanças em nosso ambiente interno, as comunicamos a nós mesmos. Algumas emoções básicas são: alegria, tristeza, raiva, nojo e medo. Se você expressar um delas, é altamente provável que alguém de todo o mundo o entenda, mesmo que ele fale um idioma diferente e não compartilhe as mesmas normas e valores que você. Uma espécie de esperanto para a linguagem das emoções.
Os sentimentos refletem muitos dos processos que descrevemos até agora. É possível perceber o seu corpo alterado por causa de uma emoção. Por exemplo, você pode sentir seu coração acelerado, seu rosto corando ou lágrimas escorrendo. Também pode sentir um aumento da sensação de presença ou maior atenção, bem como uma propensão a agir. A sua maneira de interpretar a situação como um todo, o seu estado corporal, bem como as memórias despertadas, levam a uma experiência subjetiva e consciente que chamamos de sentimento.
Podemos então entender que, embora os sentimentos sejam vivências subjetivas, únicas e além do que qualquer explicação neurobiológica possa captar, eles são diretamente influenciados por aspectos emocionais orgânicos.
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